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GENTILEZA

Dos filhos deste solo és Mãe Gentil, pátria amada, Brasil!

Âncora 1

Esta virtude é tão central para este país que aparece nos versos finais de ambas as estrofes do nosso hino nacional. Mas talvez seja a mais esquecida em tempos de tanta violência e indiferença. Se falta gentileza ao Brasil de hoje, justamente pela gentileza, é por onde começa a resistência à onda da violência que vivemos.

 

Quando os portugueses chegaram a esses costados, famélicos, sujos e cansados, foram recebidos por indígenas que os acolheram e cuidaram deles. Talvez uns tenham se arrependido, quando as visitas aumentaram em número, e começaram a trazer armas, doenças e grilhões para aprisionar. Mas a semente da gentileza segue nos habitando: será sempre uma parte fundadora do que somos.  

A gentileza não está na moda nos tempos atuais, mas resiste no coração da gente. Ela se expressa nos gestos cotidianos mais simples: quando oferecemos um mimo, escutamos as dores, oferecemos o lugar, ou o braço, ou um abraço. Quando desviamos um pouquinho do nosso caminho para facilitar o caminho do outro.

Ninguém nega que o Brasil pode ser bruto com quem chega, ainda mais com quem não tem a pele clara. Mas, por todo o país, o que não falta é gente que vive com os braços abertos, recebendo visitas mundo todo. 

O resgate dessa qualidade de nossa alma foi a grande mensagem do Profeta Gentileza, que adotou esse nome num esforço para consolar as vítimas de uma tragédia que resultou na morte de centenas de crianças, com o incêndio de um circo no Rio de Janeiro, em 1961. O ato de amor acabou perdurando o resto de sua vida: ele virou o personagem, que por décadas frequentou e enfeitou as ruas do Rio de Janeiro.

A gentileza se aproxima do afeto, mas é diferente, na medida em que parte de uma consideração que pode ser por qualquer pessoa, e não só por aqueles com quem nos relacionamos. Portanto, é uma virtude que demanda compaixão e empatia.

E existe ainda algo especial na gentileza: ela se espalha, como um vírus. E ela volta, como um bumerangue. Se todo mundo sai espalhando gentileza, evidentemente todo mundo começa a receber também. Ao sentirmos o prazer que há em ser gentil, fica mais fácil escolher continuar por este caminho. 

Quando, depois de sua morte, em 1996, a mensagem do Profeta Gentileza foi apagada dos muros da cidade, os cidadãos cariocas reagiram para restaurá-la. A partir deste momento a causa se tornou viva na sociedade, se espalhou pelo país, e suas palavras se tornaram eternizadas, como nos mostra a canção “Gentileza”, de Marisa Monte:

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Nós que passamos apressados

Pelas ruas da cidade

Merecemos ler as letras

E as palavras de Gentileza

( … ) 

O mundo é uma escola

A vida é um circo

“Amor” palavra que liberta

Já dizia o profeta

No momento em que o egoísmo parece imperar, ser gentil é um ato de rebeldia, é afirmar outra possibilidade de ser e estar no mundo. Aquela em que podemos dar valor real à bênção de estarmos vivos, e compartilhar de braços abertos a alegria por essa bênção com quem estiver pelo caminho. 

Outras referências sobre a Gentileza

A canção Gentileza, de Marisa Monte, é uma linda homenagem ao profeta brasileiro.

Confira a bela poesia que nos convida a participar do Movimento Ser Gentil ( www.sergentil.com.br ), iniciativa cidadã que recolhe e divulga histórias de gentileza no trabalho, com vizinhos e com desconhecidos.

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